sábado, 14 de fevereiro de 2009

Quem Bate-Edison Pereira de Almeida

Quem bate?


Curioso a mania que eu tenho de viver em meio a natureza, em estradas de terra, que nem estradas são, poder-se-iam chamar caminhos, veredas... enfim... chão batido como diz o caipira Brasileiro, que criou um linguajar próprio e assim se libertou das amarras do colonialismo. Transcendendo a figura do ser que habita o seu ser, o CAIPIRA, foi se alastrando pelo Brasil afora em diversas dimensões, e até a MÚSICA SERTANEJA, uma época era chamada de MÚSICA CAIPIRA...

Até homenageado foi O CAIPIRA na canção: SOU CAIPIRIRA PIRA PORA, NOSSA SENHORA DE APARECIDA....

E por aí vai a LENDA DO CAIPIRA que eu até gostaria de ser; na Alma, sei que sou, na Alma também repentista, sei que sou, pois nem bem chego ao Nordeste já começo a falar igualzinho a qualquer nordestino e fazer repente então é um risco, um traço; na hora a coisa começa a sair que eu nem sei mais se sou eu ou se é O CABOCLO que baixou e, claro, se aproveitou do meu plasma para então cantar, versejar, rimar, e tudo mais que faz um repentista, e isto é antigooooooooooooooooooooo em mim.

MAMÃE tinha por hábito dizer: "Você onde vai, logo fica com o sotaque do lugar!"

Grande verdade, dona MARIANNA, minha mãe, grande senhora, mulher de armas e de luta!

E tudo isto eu estou contando justamente por causa de MARIANA... a cidade histórica de tantas cidades HISTÓRICAS de Minas Gerais, Brasil.

Conhecida como A PRIMAZ DE MINAS... e ninguém melhor que Andréia Leal para explicar isto.

Então foi assim, e é assim: em casa, que fica no meio do mato, estrada de chão e tudo mais, quem chega não bate à porta, tem por hábito ir chegando, "vamos chegar!"

E também foi assim que ocorreu com o povo do JORNAL ALDRAVA, ...foi chegando, chegando, chegando e chegaram!

Engraçado: Povo e chegaram não tem lá muita concordância vernacular, mas se povo é coletivo de gente, e gente é considerado um ser em extinção no geral da humanidade que a todo dia cresce em tudo quanto é direção, mas crescer mesmo CRÊ...SER, tá danado de difícil de acontecer, porque ser GENTE é algo muito sublime, hoje em dia. Lembro que já nos anos 60 as pessoas vinham, principalmente a juventude, e diziam: "Você é Gente!", "Fulano é Gente!"

Então ser GENTE. nos apercebemos, virou mesmo ser um ser em extinção.

É engraçado este jeito que o povo tem de criar termos para designar alguma coisa que não se encontra nos dicionários e muito menos na LITERATURA das Academias.

Assim, indo de pato para ganso, eu comecei a escrever tudo isto para explicar que antigamente e até hoje em dia aqui onde eu vivo, na ILHA DA MADEIRA, onde vim em auto exílio, por motivos pessoais e claro, institucionais próprios, pois para mim a maior de todas as instituições é O UNIVERSO, e ser UNIVERSALISTA em meio a tantos EGOS fica complicado, e quando então os Egos estão exarcerbados de ira, de ódio, de ganância de tudo quanto é vício e ausência de vicissitudes, é melhor mesmo a gente dar um novo rumo ao nosso viver e claro, procurar um local onde não mais se é perseguido, pois a vida já é curta e com gente perseguindo a gente, melhor mesmo é usar da tática do caipira e ficar lá no meio do mato, esperando a ONÇA PASSAR...

Depois que ela passou, aí sim podemos respirar, andar, vercejar, viver nossa vidinha tranqüila e em paz, mas, quando estamos no TRILHO DA ONÇA, eitaaaaaaaaaaaaaaaaaa, ou somos mesmo UNIVERSALISTAS, e entendemos a bio diversidade, ou então, se quisermos virar chiclets de onça, é facinho, facinho, eu que o diga!

E então resumindo o assar do pato, que está virando já ganso, na fervura desta caldeira eterna que é a vida, este mundo onde vivo ainda tem muitas portas com uma peça de ferro fundido, trabalhado, com imagens diversas, e que chamam ALDRAVA, termo arcaico, ou original.

Com esta peça então as pessoas batem á porta dos que estão dentro da casa, do museu, da quinta, do casario, da igreja, do cartório, enfim... ...lá dentro do espaço tempo de cada qual, e o que está no espaço tempo exterior, usa a ALDRAVA, para então se COMUNICAR COM O INTERIOR.

Uma figura realmente interessante esta da COMUNICAÇÃO EXTERIOR COM O INTERIOR, e se calhar, mesmo eu vivendo em uma ILHA, por acaso lindíssima, em pleno OCEANO ATLÂNTICO, a NOROESTE DE ÁFRICA... bem próximo do Monte Atlas que deu origem a Atlântida, escutei BATEREM À PORTA....

Curiosamente, normalmente aqui os cães ladram, os gatos dão sinal de que algo está se passando lá fora, as águias que costumam sobrevoar meu espaço tempo, ficam em círculos no mais alto dos céus, a poeira da estrada denuncia que claro, alguém ou algum veículo está passando ou já passou, até os sinos de vento dão sinal que há algo de diferente lá fora...

Muitas das vezes, como eu gosto de escrever e a escrita tem destas coisas da gente ficar na TOTALIDADE, quase que ausente do espaço tempo terreno, há vezes em que até me assusto com ruídos repentinos, e como que se estivesse caindo de uma altura infinita venho pairando, pairando, como uma folha sêca ao vento da tarde... e chego à terrra, sinto-me de volta e percebo que alguém de fora quer vir se INTERIORIZAR comigo.

Assim aconteceu eu conhecer O JORNAL ALDRAVA, andava em meus sonhos, idílios, buscas interiores, e de repente, vai se saber como foi que tudo começou, quando eu me apercebo estou OUVINDO A VOZ D'ALDRAVA.

É, tem ALDRAVAS em forma de rosto e de uma boca escancarada... há várias formas, desenhos e figuras, e esta, do JORNAL ALDRAVA, com sinceridade é muito AMPLA, uma figura AMPLA, ETERNA e LUMINOSA que, eu nem consigo definir como uma forma TERRENA, parece-me ser ela uma fusão de vários elementos ou elementais do plano terra a gerarem no elemental vegetal, transformado em papel, o que conhecemos como JORNAL.

No entanto, sem querer me alongar , realmente há algo além, muito além, que sei lá se todos que lêem o JORNAL ALDRAVA percebem, mas sabe como é, quem vive no meio do mato, tendo apenas os pássaros, águias, cães, gatos, riachos, peixes, florestas e mais florestas a sua volta, o mar lá embaixo, no sopé da montanha que chamamos ILHA DA MADEIRA, montanha esta que deve ter até o fundo do mar uns bons 6.500 metros, tendo seu pico mais alto a tona, 1.880 metros e chamado RUIVO, pela cor vermelha das suas pedras vulcânicas, o que claro, denuncia a purificação pelo fogo e pela água do mar... neste cantinho de mundo que nos restou, ....e quem só tem isto, nada mais do que isto, é claro, fica com a sensibilidade mais apurada e se calhar é por isto, que vejo algo além destas folhas de papel com textos e figuras, traços, desenhos, caricaturas, poesia, crônicas, ...títulos e subtítulos... e também por isto agradeço a tudo e todos me permitirem ter atingido este grau de sensibilidade, espiritualidade e sintonia cósmica, terrena e humana.

Agradeço principalmente à onça ou onças, pois sem elas como iria eu me interiorizar e perceber melhor a vida e a essência da mesma?

Lembrei do PÉRICLES e o eterno AMIGO DA ONÇA... há que ser mesmo amigo da Onça, senãoooooooooooo...

Saudades de O CRUZEIRO, e todos que nele trabalhavam, eternizando uma época de excelente jornalismo no Brasil.

E é aí que começa toda a coisa que eu escrevi aqui: Quem bate?

Sinto bater sim meu coração... e ele sufoca todos os outros ruídos... É que sendo ele ESSÊNCIA não produz ruído, muito pelo contrário. Toda essência produz algo maravilhoso de se sentir.... vide CORA CORALINA, ANDREIA LEAL, CLEVANE PESSOA, PABLO NERUDA, GARCIA MARQUEZ, EXUPERRY, CLARICE LISPECTOR, quanta essência em um só ser, na somatória de todos seres UNIVERSAIS.

Essencialmente ALDRAVISTA este meu coração, podem acreditar e só agora me apercebi disto.



ERMITÃO DA PICINGUABA
09/03/2008
Ilha da Madeira

Fonte:http://www.ermitaodapicinguaba.com/quembate.html

Publicação autorizada pelo autor

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