sexta-feira, 28 de novembro de 2008
Sonho-Branco-em-Garanhuns-Pernambuco-Brasil-fotografias-Eliane-Velozo-e-ahistória
Imagem:Convite
Foto:
ElianeVeloso
entre
ClevanePessoa
e
poeta
Graça
Campos
(lançamento
do
RIGINAL
-Livro
de
Artistas
-organizado
por
Regina
Melo)
Palácio
das
arte
Belo
Horizonte(02072008)
Eliane(fotos
mãos
em
torno
de
cerâmica;
Clevane(desenhos
a
bicodepena)
cerâ
Sonho Branco
(Trilogia)
O mundo é minha casa, meus ancestrais são meu élan vital.
Jornada familiar
Dedicada a meu avô, Manu de Melo
No projeto Sonho Branco, iniciado em 2004, faço uma viagem da ancestralidade ao futuro próximo, este que vivo a cada momento e que ao percebê-lo já se tornou passado.
Busco a história da ancestralidade na observação do planeta terra e de alguns dos seus componentes com os quais mais me identifico: a mãe terra, meu ancestral mais conhecido, querido e idoso; a mãe água, que está 70% de mim, e as matas, que me equilibram na vida metropolitana, permitem-me continuar respirando e orientam-me como ser ecológico.
No percurso dessa viagem homenageio a família de onde vim e trato o algodão como ouro branco, este ouro que sempre aqueceu e aquece, alimentou e alimenta tantos seres, por toda a história da humanidade.
Busco as zonas de contato com o ancestral o atual e o futuro, através dos territórios da memória, colocando as experiências pessoais (locais) como estrada, caminho, para o coletivo (global).
E, essencialmente, acredito que a observação acurada de minha história individual, da história de nossa gente, e de toda a humanidade, concorre para um exercício de cidadania e construção de uma sociedade mais ética, pacífica e feliz.
Penso a história e a cultura como margens, horizontes para minha expressão artística e a trajetória contínua, e o Sonho Branco um motivo para minha viagem.
Jornada espiritual
Dedicada a Catherine Kitten e Ray Kitten
Realizei exposições da primeira parte do “Sonho Branco” no Museu do Homem do Nordeste, Recife/PE, janeiro de 2006, e na Galeria SESIMinas, abril do mesmo ano.
No dia 13 de julho, fui surpreendida por um sonho, sonhado dormindo.
Tudo começou comigo questionando o desvio do curso de um rio. Eu estava sobre o local onde o rio não mais passava. Tudo já seco e sob meus pés, havia uma terra muito vermelha, vermelhíssima!
Na parte final do sonho, um local amplo onde havia um antigo carro de trem de passageiros com pessoas vestidas “à moda antiga”.
Eu, desesperada para sair dali, mas minha saída estava condicionada à resposta à pergunta:
— “Quem é Catherine Kitten?” A pergunta me foi feita quatro ou cinco vezes, sem resposta.
Acordei atordoada, anotei o nome completo, e liguei o computador.
O primeiro site (http://kittenfamilyreunion.com/) onde encontrei o nome e sobrenome, como eu havia escrito*, foi um texto de memórias de Ray Kitten. (1911/1996), seu filho, sobre tempo de mudanças na família, trens e algodão.
Quase fiquei louca, ou pensei estar ficando.
Eram meus três projetos no texto dele! (Tempos de tempo, Travessão e Sonho Branco).
Pesquisei “Slaton”: a cidade foi fundada por uma companhia de trens, no início do século XX. Abri o site da Slaton Chamber of Commerce, para obter informações sobre agricultura e comércio. Fiquei muito surpresa, pois, no cabeçalho do mesmo, havia uma foto de algodão idêntica a uma das minhas. Justamente a foto da capa de minha agenda de 2006 (http://www.slatonchamberofcommerce.org/; acessado em 14.07.2006).
Após me acostumar com todos esses mistérios, contatei a família, vendi meu carro, comprei passagens e fui fotografar a colheita do algodão dos “Kitten” em Slaton/TX/EUA, em novembro de 2006.
Fui recebida no lar da família, tratada como parte dela, e me senti absolutamente em casa.
Quando olhei a terra: novo espanto:
Vermelha! Vermelhíssima!
Como se não bastasse, descobri que Ray Kitten era membro do Conselho de Conservação da água, trabalho equivalente ao que tenho feito, e que morreu praticamente cego, com a mesma doença que tenho nos olhos.
Esse tempo transcende. É uma conexão com sincronicidades que me ligam a essa família.
Esse sonho e a viagem transformaram minha vida e o projeto.
*Catherine Kitten (1868/1937). Mesmo nos documentos da família, algumas vezes é encontrado também o nome Katherine Kitten.
Jornada ancestral
Dedicada aos povos da África
Quando voltei de Slaton, após as experiências fantásticas lá vividas e fotos maravilhosas de algodão que fiz, uma grande inquietação perturbava-me, pois havia um elo histórico perdido.
Em abril de 2007, fiz exposição do projeto no Instituto Francisca de Souza Peixoto, em Cataguases/MG, onde existem duas fábricas de tecido.
Ao perguntar de onde eles compravam algodão, fui informada:
— Do sul dos Estados Unidos e da África.
— Onde na África? Questionei.
Entre outros países, eles compravam do Togo**.
A palavra Togo soou como uma fecha e sacolejou meu coração. Daquele momento em diante eu sabia onde seria a próxima jornada do Sonho Branco.
O Togo fica no que foi conhecido como “Costa dos Escravos” (Golfo do Benin), de onde saíram muitas pessoas escravizadas para as Américas.
O elo perdido do Sonho Branco foi assim encontrado, na nossa raiz, a África, na ancestralidade primeira.
O projeto sofreu, então, grandes transformações: ficou dividido numa trilogia de três jornadas: familiar (as fotos do Brasil), espiritual (as fotos feitas no Texas) e ancestral (no Togo, África).
Em dezembro de 2007, viajei para o Togo em busca de imagens e experiências sobre a colheita do algodão.
Lá tive vivências muito marcantes sobre ancestralidade, escravidão e cultura do algodão. Tudo isso transformou, mais uma vez, minha vida.
No processo de organização da terceira jornada, descobri, que no sul dos Estados Unidos, onde fotografei, e no agreste de Pernambuco, onde nasci, e em que toda minha família cultivou algodão, a mão de obra essencial nos campos de algodão era exercida pelos cativos, na época da escravidão, e mesmo depois, por escravos libertos.
Hoje creio que essas conexões são mistérios dos territórios da memória, zonas de contato ligadas às energias cósmicas."
**O Brasil, em 2007, já não importava mais algodão.
Eliane Velozo
O Prefeito de Garanhuns, Luiz Carlos de Oliveira e o Secretário de Cultura, Givaldo Calado de Freitas, juntamente com a artista Eliane Velozo, têm a honra de convidar VS.ª e digníssima família para prestigiarem a abertura da exposição fotográfica Sonho Branco.
Abertura: dia: 09/12/2008, terça-feira às 20h (com lançamento da agenda Sonhe Branco/2009 e palestra da artista às 20h30)
Local: Centro Cultural Alfredo Leite Cavalcante
- (Salão do Artista)
Praça Dom Moura, s/n – Centro - Garanhuns-PE
Período da exposição: de 09/12/2008 a 02/01/2009, de segunda a sexta das 08 a 18 horas, exceto feriados
Contatos:
Eliane Velozo
31 3375.6183 ( Belo Horizonte, até 28.11)
81 3271.0735 ( a partir de 29.11.2008)
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