sábado, 5 de julho de 2008

Andréia Donadon-Minhas Ocres Paredes




Minhas ocres paredes

Andréia Donadon Leal


A ruptura dos laços que nos unem
fendeu meus pulsos.
Vejo verter sangue
das magras veias
de mulher impropriamente apaixonada.
Lancinante
abrir as portas da rua
e
vê-lo partir...

Triste perceber o quanto dói
dor de ver sair
da vida
gota mais doce do plasma
e
nem diálise
nem análise
podem filtrar essa saudade,
essa saliva sua
que ainda mora em minha boca,
essa saliva nua
inundando meu paladar.

Essa saliva sua minha boca
molha minha língua,
essa saliva sua minha boca
água minha
vida inundada
de nexo
de sexo
e
solidão.

Seu corpo
retrato permanente
em
minhas ocres paredes,
enlouquecem minha razão.


Vou derrubar as paredes
rasgar seus retratos
devorar
eternamente seu corpo
e
sua alma.

Meu tempo
de busca
por você
será
desconstruído
e
fragmentado
em
minhas ocres paredes.

Triste perceber o quanto dói
dor de ver sair
da vida
gota mais doce do plasma
gosta mais doce da paixão...

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